«Passo a ouvir, a escutar vozes. Que elas possam estar aqui e desaparecerem, que elas sejam o reflexo de nossas fragilidades: essa descoberta me deixa sensível a suas interrupções, às gagueiras — e também aos momentos em que as vozes jorram, em que nada parece conseguir interrompê-las.»
Descrição
Como encontrar a própria voz? Como tomar a palavra? Como se fazer ouvir? Enquanto tenta escrever seu ensaio a respeito da voz off feminina no cinema, muitas outras vozes começam a interferir no trabalho acadêmico de Clara Schulmann, e ao mesmo tempo em sua vida de mulher e de crítica de arte. São vozes de mulheres, de escritoras, de feministas, vozes escutadas no rádio ou nos filmes, vozes amigas e de desconhecidas, hesitantes, em vias de desaparecer. E é justamente dessa intromissão da alteridade em seu próprio projeto, do imprevisto em meio ao planejamento reconfortante, que nasce Cizânias, um livro que é uma verdadeira e rara obra de escuta. Como ressoa a voz das mulheres na sociedade? Onde sua palavra privada se transforma em palavra pública, em dissidência, reivindicação? Misturando com graça e elegância os acontecimentos pessoais à história do cinema, à teoria feminista e à literatura, Clara Schulmann vai abrindo picadas sem se preocupar demais com seu paradeiro, entoa melodias sem transformá-las em concerto, mas esboça uma história da voz como chave possível da emancipação feminina, e ocasião de repensar a escrita para além daquilo que hoje conhecemos.
Nascida em 1981, Clara Schulmann escreve sobre a arte, o cinema e a teoria crítica há mais de dez anos. Ela atua paralelamente como professora em escolas de artes, primeiro em Bordeaux e atualmente na Escola de Belas Artes de Paris. Essas experiências — frequentemente coletivas — atravessam a narrativa picaresca de Cizânias.
Ficha Técnica
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Peso
450 g -
Tradução
Lúcia Monteiro -
Dimensões
14 cm x 1 cm x 18 cm cm -
Ano de Publicação
2022 -
Páginas
200