«Na vida você aprende que, muitas vezes, diante da dor, aqueles que te amam se afastam, relutantes em conhecer a verdade; que muitas vezes, diante da dor, você se afasta e não está presente quando deveria estar. Que você faz falta. Você aprende que aqueles que você ama podem decidir parar de conhecer a sua essência mais profunda, para não sofrer. Porque, se você descobrisse quem eu realmente sou, como ainda poderia me amar?»
Pode ir é o registro de quatro dias de um momento de recapitulação de um relacionamento sobre os pontos irreconciliáveis de dois indivíduos, representando duas culturas: a da mulher buscando estabelecer as bases para seu reconhecimento, e a do homem apelando para a necessidade do reconhecimento «do que são» as suas necessidades. Um diálogo íntimo e potente que, por não ter sido feito com intenção de publicação, mantém viva uma vulnerabilidade que se perderia pela noção da presença de um potencial leitor futuro.
Descrição
Em 1980, durante quatro dias, entre 25 de abril e 9 de maio, um homem e uma mulher sentaram-se diante de um gravador para discutir o relacionamento que os uniu por muitos anos e que passou por mudanças inevitáveis. Trata-se de uma conversa íntima, desafiadora e, por vezes, comovente, que não foi concebida para ser pública, mas que se revelou digna de publicação devido à força do seu conteúdo. Carla Lonzi e Pietro Consagra, duas figuras que dedicaram todo o seu talento e originalidade à arte e ao feminismo, confrontam-se aqui, antes de mais nada, como homem e mulher, com a intenção de romper «os não ditos da relação a dois». Já nos diários reunidos na obra anterior Taci, anzi parla, Lonzi expressara a necessidade de revisitar sua relação com Consagra para compreender a irreconciliabilidade de suas necessidades, seus «sonhos diferentes». Ali, Lonzi escreveu um «livro de conflitos», como sempre fez, inclusive no que diz respeito ao amor, e Pode ir não é exceção: a mulher não quer ser tratada como uma criatura simbólica e deseja que a verdade de sua realidade seja reconhecida. Conseguirá o homem, do outro lado, atender a essa necessidade de reconhecimento, deixando de lado a agenda do poder? Ao explorar a experiência de seu relacionamento, trazendo à luz os legados de uma educação patriarcal e a revelação do feminismo, Lonzi e Consagra apresentam um pas de deux extraordinário, no qual a autoconsciência pode infundir nova inspiração em sentimentos que já fazem parte do passado.
Carla Lonzi (1931-1982) foi uma ativista, ensaísta, crítica de arte e editora italiana. Formada em literatura pela Universidade de Florença, iniciou-se na crítica de arte na década de 1950, carreira que abandonou para se dedicar inteiramente ao grupo Rivolta Femminile e sua editora, Scritti di Rivolta Femminile.
Ficha Técnica
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Dimensões
20 cm x 13 cm x 3 cm -
Capa
Archivo Pietro Consagra -
Projeto Gráfico
CCRZ -
Ano de Publicação
2025 -
Páginas
164 -
Edição
1ª