O irrealizável

Por uma política da ontologia

Giorgio Agamben

Estamos tão habituados a distinguir entre possível e real, entre essência e existência, que não nos damos conta de que tais distinções — que parecem ser tão óbvias — são o resultado de um longo e meticuloso processo, o qual levou à cisão do ser, a «coisa» do pensamento, em dois fragmentos opostos e intimamente entrelaçados. Em todo caso, a hipótese deste livro
é que a máquina ontológico-política do Ocidente se funda justamente nessa cisão da «coisa», sem a qual nem a ciência nem a política seriam possíveis. Sem a partição da realidade em essência e existência, e em possibilidade (dynamis) e atualidade (energeia), nem a consciência científica nem a capacidade de controla e dirigir duradouramente as ações humanas que caracterizam a potência histórica do Ocidente teriam sido possíveis. Se não pudéssemos suspender a concentração exclusiva de nossa atenção naquilo que existe imediatamente (como parecem fazer os animais), para pensar e definir
sua essência (o «o que»), a ciência e a tecnologia ocidentais não teriam conhecido o desenvolvimento que as caracteriza. E, se a dimensão da possibilidade desaparecesse por completo, nem planos nem projetos seriam pensáveis, e as ações humanas não poderiam ser dirigidas e tampouco controladas. A potência incomparável do Ocidente tem nessa máquina ontológica um de seus pressupostos essenciais. Por meio de uma paciente investigação genealógica, o livro reconstrói o nascimento dessa cisão fundadora da coisa do pensamento e o processo de suas sucessivas articulações na filosofia e na política do Ocidente.

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Descrição

Sem a divisão da realidade em essência e existência, e em possibilidade (dynamis) e atualidade (energeia), nem o conhecimento científico nem a capacidade de controlar e direcionar de forma sustentável as ações humanas que caracterizam o poder histórico do Ocidente teriam sido possíveis. Se não pudéssemos suspender a concentração exclusiva de nossa atenção no que existe imediatamente (como os animais parecem fazer), a fim de pensar e definir sua essência (o «o quê»), a ciência e a tecnologia ocidentais certamente não teriam conhecido o desenvolvimento que as caracteriza. E se a dimensão da possibilidade desaparecesse completamente, nem planos nem projetos seriam pensáveis e as ações humanas não poderiam ser dirigidas nem controladas. O poder incomparável do Ocidente tem nessa máquina ontológica um de seus pré-requisitos essenciais. Por meio de uma paciente investigação genealógica, Agamben reconstrói o nascimento dessa divisão fundamental no pensamento e o processo de suas articulações subsequentes na filosofia e na política do Ocidente.

Giorgio Agamben nasceu em Roma em 1942. Dele, a Âyiné publicou A Igreja e o Reino (2016), Studiolo (2021), Quando a casa queima (2021), A loucura de Hölderlin (2022) e Coisas que vi, ouvi, aprendi…(2023).

Ficha Técnica

  • Peso
    300 g
  • Tradução
    Vinicius Nicastro Honesko
  • Dimensões
    10 cm x 2 cm x 20 cm cm
  • Projeto Gráfico
    Federico Barbon
  • Ano de Publicação
    2024
  • Páginas
    230