A arte de amarrar as pessoas

Paolo Milone

Após quarenta anos trabalhando em Psiquiatria de urgência, Milone poderia ter escrito um ensaio, um tratado, olhar de cima a doença mental para nos dizer o que ela é, come se cura, de onde vem. Mas não o faz. Ao invés disso, nos oferece fragmentos, ingerivéis como pílulas, doces, amargas, incapaz de silenciar a dor. O que sentimos com clareza é que Milone nos está próximo: tem o dom da presença, também em relação aos leitores, e com esse dom escreveu um livro singular, tocante, matérico, ao mesmo tempo suave e doloroso, onde a doença mental se parece com uma vizinha que nos deixou uma cesta na soleira da porta antes de desaparecer.

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Descrição

Um psiquiatra olha para trás. Ele revisita seus quarenta anos de carreira, sua prática clínica, a existência dos outros, a própria. Nesta deliciosa narrativa em verso, Paolo Milone abarca a passagem do tempo e expõe a própria matéria da vida. Acompanhamos seu pensamento tão genial quanto honesto sobre o suicídio e a loucura, conhecemos os inesquecíveis Lucrezia, Carmelo, Chiara e compreendemos que, se o psiquiatra muda a vida dos pacientes, os pacientes mudam, por sua vez, a vida do psiquiatra. A sagacidade de Milone é evidente, mas também o é sua fragilidade. O psiquiatra, aqui, se coloca como um homem que não sabe, é instável, exposto. Paradoxalmente, é da insuficiência que surge seu saber, sua visão de mundo ao mesmo tempo sábia e antiga. A arte de amarrar as pessoas dá a ver a passagem do tempo não só por Milone, mas pela própria psiquiatria: enxergamos o que segue incontornável, o que já mudou, o que precisa continuar mudando. Neste livro que mostra as coisas como são, a psiquiatria aparece em sua verdade, em sua nudez, em sua contradição. E a loucura é o que há de mais humano e revelador. «Eu olho o abismo com os olhos dos outros», diz Milone. Mas também com os próprios — e, depois deste livro, somos nós, leitores, que passamos a olhá-lo — a ele, ao abismo — com outros olhos.


Natalia Timerman

Psiquiatra e escritora

Paolo Milone, psiquiatra, nasceu em Gênova em 1954. Trabalhou em um Centro de Saúde Mental e depois em uma ala de emergência de um hospital psiquiátrico.

Ficha Técnica

  • Peso
    560 g
  • Tradução
    Cezar Tridapalli
  • Dimensões
    14 cm x 1 cm x 20 cm cm
  • Capa
    Julia Geiser
  • Projeto Gráfico
    CCRZ
  • Ano de Publicação
    2024
  • Páginas
    188